segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Campeões da Arena - 7

# Oi, oi, oi! ^^ Eu não me canso, né? Escrever, seja em blogs, seja artisiticamente falando, é uma terapia, a gente faz mesmoq ue ninguém esteja lendo. E, como sou de Barbacena, não ligo de falar sozinha. xD
# Pois é. A Atividade Quinzenal 007 não teve como tema espionagem, mas Infidelidade. Quem sugeriu foi o Fillipe, que foi o vencedor, por sinal. ^^ Ela durou de 05/05/2007 a 28/05/2007.
# Dessa vez, competiram apenas cinco pessoas, mas foi o suficiente para que houvessem nada menos que cinco abordagens bem diferentes do tema. Não pudemos reclamar de falta de variedade. ^^ Vejamos, foram: uma história com carga dramática, uma falsa (?) traição, um homem cínico, uma mulher cínica e um triângulo amoroso que quase degenera numa suruba. o__o
# Claro que não vou falar quem escreveu o quê. Ficou curioso? Bora pro RPG-X pra ler! ^^
# Fiquem com o (sumido) Fillipe. \o/



SACANAGENS DA VIDA
n° de palavras: 1262


# Eu finalmente havia descoberto que não podia viver sem sexo de qualidade. Percebi isso ao conversar com Beti. Beti era uma secretária de um consultório odontológico (meia boca se me permitem o trocadilho infame) onde eu levava minha esposa toda 1° segunda feira do mês.
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# Eu dizia a ela que tinha de levá-la ao dentista (um senhor careca e de dentes amarelados) pessoalmente para que ele não tentasse dar uma de engraçadinho pra cima da esposa dos outros. Ela ria se enchendo toda com minha falsa preocupação, não conseguindo deixar de transparecer uma falsa modéstia.
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# O casamento havia estrangulado lentamente minha vida sexual, não que eu não tivesse minha parcela de culpa nisso, mas o fato é que isso é um fato! As noites de amor com minha esposa não passavam de uma mera obrigação semanal para esconder o que ambos consentíamos em segredo. Não havia mais desejo, paixão ou qualquer sacanagem que fizesse o sexo realmente valer a pena.
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# Vamos voltar para Beti. Beti era uma mulher de 28 anos, separada e não tinha concluído o ensino médio, conformada com seu salário mínimo e sua pensão (mais um salário mínimo) no fim do mês, passava seu dia navegando em sites de contos eróticos e tentando adivinhar como os pacientes do Dr. Omérico (o careca dos dentes amarelados) se comportavam na cama. Essa segunda observação fazia com que Beti tivesse um comportamento taxado pelas mulheres casadas como “vadia no cio”, ou no dicionário masculino (solteiros e casados) como uma “transa fácil”.
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# Não me lembro bem se foi o batom exagerado ou o jeito como ela segurava a caneta bic de tampa vermelha que me fez catalogá-la imediatamente como uma possível “transa escape”. Transa-escape (TE) é uma invenção tão antiga quanto o próprio casamento, ela, como o próprio nome diz, é uma válvula de escape do casamento, quando muitas transas com a mesma pessoa ou muito tempo transando apenas com uma pessoa chega num limite máximo, o homem então precisa procurar outra mulher para transar e desafogar sua glândula escape que deve ficar em algum lugar do cérebro masculino.
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# Percebam que não estipulo números exatos sobre quanto tempo e quantas vezes o homem precisa permanecer com a mesma mulher para atingir um nível alarmante para a sua TE, essa situação varia de homem para homem.
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# O meu nível já estava crítico. Não digo que nunca havia traído, mas eu não era do tipo que procurava mulheres fora do casamento, mas Beti sabia no meu jeito de olhá-la que eu precisava de uma transa escape. Ela havia estudado profundamente os homens naquela pequena sala encarpetada de consultório odontológico, ela podia farejar um homem necessitado a um quarteirão de distância em dias com bom vento.
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# Beti era uma expert em linguagem não-verbal, o jeito como ela se encurvava sobre a cadeira de estofado azul para se espreguiçar, como mascava seu chiclete de tuti-fruti, ou como usava sua voz de modo levemente mais agudo e infantil eram sinais preciosos para mim e para outros afortunados que freqüentavam o consultório do Dr. Omérico.
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# A aproximação foi rápida, logo na primeira vez que fui buscar Silvia no consultório já pude notar uma provável TE na secretária, no segundo encontro já sentei na cadeira próxima a mesa e conversei com ela durante toda a consulta de Silvia. Era fácil fazer Beti rir, e logo a conversa descambou para algo mais atrevido, quando notamos que Silvia iria sair, rapidamente anotei meu telefone num papel que estava sobre a mesa e a entreguei com um piscar do olho direito. Ela fez charme com uma carinha do tipo “não acredito que você ta fazendo isso, não sou desse tipo de garota” e apanhou rapidamente o papel.
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# Na terça ela me ligou para sairmos. Fomos direto para o motel e transamos, transamos como eu gostaria de transar a anos e não podia, sem apagar a luz, sem cerimônias, sem vergonha. Toda a putaria que eu queria extravasar eu extravasava ali naquele quarto barato de motel. Com a televisão ligada no canal pornô com o som bem alto eu enrabava Beti em todas as posições que quisesse, e falava tanta sacanagem no pé do ouvido dela que eu tinha que escovar os dentes duas vezes quando eu chegava em casa.
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# Ela não era bonita, mas tinha seios fartos e uma técnica de depilação que faziam o diferencial. Eu comia ela em todo lugar, uma vez eu ela tiramos uma rapidinha na sala de espera do consultório enquanto Silvia fazia seu tratamento, a situação de perigo fazia meu coração ribombar e minhas mãos gelavam, mas a excitação era incrível.
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# O problema das TE é a culpa que elas provocam, alguns homens tem o privilégio de nascer sem qualquer capacidade de sentir remorso, compaixão ou pena, infelizmente eu não era um desses homens e me cortava o coração toda vez que ia dormir e sentia o corpo de Silvia se roçando no meu para abraçá-la de noite.
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# Silvia era uma mulher inteligente, bem educada e excelente mãe, porém na cama ela deixava muito a desejar, culpa de sua educação tradicionalista acredito eu. Apesar de todo o mal-estar, eu continuei a me encontrar com Beti, mas quanto mais eu transava com ela, mais eu percebia como minha mulher era especial, em como eu tinha sorte de não ter me casado com uma “Beti” da vida, e chegava a ter pensamentos do tipo “ porque eu estou fazendo isso?”. Típicos sinais de que a TE havia completado com êxito sua missão.
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# Pois bem, estava decidido, eu iria aproveitar que aquele mês Silvia iria se tratar pela última vez e aproveitaria para por um fim nesse caso. Naquela segunda então, entrei sério na sala e não cedi diante do sorriso malicioso de Beti, apenas disse que queria me encontrar com ela na tarde do dia seguinte durante o seu horário de almoço e desci para o meu carro e esperei por Silvia lá mesmo.
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# No dia seguinte me encontrei com Beti num restaurante próximo ao consultório onde ela almoçava todos os dias e expliquei que meu casamento era mais importante e que não podia mais fazer isso com minha esposa, que não era o certo e que não poderíamos mais nos encontrar. Ela chorou, tentou me fazer mudar de idéia, mas por fim acatou minha decisão.
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# Saí daquele restaurante aliviado, culpado por ter feito o que fiz, mas orgulhoso por ter tido a coragem de abrir mão de algo tão prazeroso por uma pessoa que significava algo mais pra mim.
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# Naquela semana toda eu percebi que Silvia estava mais triste, chorosa, mas os dias foram se passando e dentro de um mês tudo voltou ao normal. Até que um dia eu precisei do carro de Silvia emprestado par ir ao trabalho. Chegando ao pedágio, peguei a carteira dela que estava no painel e procurei por moedas, foi então que senti com a ponta dos dedos um papel, o retirei da carteira e vi que era um recado.
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# “Silvia, apesar de tudo que vivemos nesses últimos meses, não posso deixar de pensar na minha esposa, ela significa muito pra mim, e não posso abrir mão da minha família. Eu sei que o que aconteceu entre nós foi especial, mas não posso mais continuar a viver assim, mesmo sabendo que nunca esquecerei o que rolou entre nós. Omérico”
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# O que veio a seguir foi uma explosão de riso e choro, imerso em uma raiva gritante salpicada de humor irônico e uma enorme dor de corno em meio ao som das buzinas dos carros que formavam fila atrás de mim no pedágio.

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