quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Campeões da Arena - 5

# Oi, povoooo! Acabamos de chegar à metade (pelo menos por enquanto) das Atividades Quinzenais já disputadas! ^^
# Que raios é atividade Quinzenal? Leia no post dos "Campeões" nº 1.
# O tema dessa foi "Celebridades antes da fama", dado por Giorgio. A atividade comçou dia 13/03/2007 e foi até dia 14/04/2007. O campeão foi adivinha quem?
# ELE!
# Garret, campeão absolutésimo da Atividade, em seu tetracampeonato. \o/ Abaixo, o conto dele. E não deixe de ir ao RPG-X conferir os outros, eles foram ótimos também! ^^

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A noite derradeira
Nº de palavras – 494


Ed tomou um último gole antes de deixar o estabelecimento abarrotado de bêbados que como ele, passariam ali toda noite tomando um copo e depois outro até caírem no chão.
Apesar de ser uma idéia tentadora ela não pode ser concretizada. Isso porque avistara um velho conhecido observando-o pela porta da taverna. Sabendo o significado daquela aparição repentina, apressou-se pelas ruelas escuras de Baltimore.

Seguiu solitário e cambaleante sob o efeito do álcool.

Sua vista turva não fora suficiente para impedi-lo de avistar um corvo planando sobre sua cabeça. O pássaro rodeou e pousou próximo dele, obrigando-o a parar. No momento em que pensou na possibilidade de dar um chute na ave, esta proferiu uma frase que o assustou. “Nunca mais.” disse ela, algo que Ed conhecia bem.

O pássaro negro voou logo em seguida.
Ainda sem entender o que vira e de certa forma atônito, Ed tentou seguir em frente para encontrar seu velho conhecido e nada era tão importante quanto isto, mas parou depois de alguns passos ainda mais assombrado.
Diante dele, próximo a uma parede lateral da rua, um barril de Amontillado servia como banco para algo que até então só existia em sua imaginação.
Esta apavorante figura era tão fiel em detalhes que Edgar imaginou-se sonhando. Via a sua frente o ser que descrevera certa vez como “A máscara da morte rubra” e sua aparição em um castelo assolado por uma maldita peste. Vestia uma fantasia macabra em retalhos e salpicada de sangue.
Tal criatura pulou do barril para o chão e soltou um pavoroso grito misturando agonia e pavor antes de desaparecer no ar dissolvendo-se diante dos olhos de Ed.
Depois de contemplar toda a cena, Edgar Allan Poe finalmente percebeu o que acontecia. Estavam todos ali, frutos de sua mente para lhe buscar. Enquanto absorvia a descoberta, sentiu sua vista escurecer. Logo em seguida ouviu um fino miado vindo de um gato preto com um só olho a observa-lo de longe.
Ouviu vozes conhecidas chamando nomes também conhecidos. Ligéia, Berenice, Leonor e por fim Lenora.
Caiu ao chão ainda respirando.
Viu algo que se aproximava. Reconheceu-o a caminhar lentamente em sua direção. A SOMBRA, seu “velho conhecido”, oriunda das antigas catacumbas de Ptolemais, olhou para Poe caído a seus pés. Sua voz soou como sempre, o mesmo tom que certa vez Edgar houvera descrito “variando suas inflexões, de sílaba para sílaba, como se fossem as entonações familiares e bem relembradas dos muitos milhares de amigos que a morte ceifara.”
A última palavra que só ele ouvira, fora proferida por uma voz íntima e familiar numa língua antiga e não mais usada.
Era sua voz.
E ali Poe permaneceu murmurando palavras que aparentemente não faziam sentido até ser encontrado a beira da inevitável morte. O que ninguém nunca soube é que antes mesmo de sair daquela taverna e ainda antes de começar a escrever, Poe já estava morto.
Um fantoche nas mãos dele, seu velho conhecido.

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