terça-feira, 31 de julho de 2007

Versos Pessimistas a um Rio do Inferno

Caronte
barqueiro do Inferno...
capitão-filósofo
da dialética do triste-pranto

em remordimentos esplêndidos
remorseio-me em decaimentos
celestes
nas tuas remorcegas águas
de rio fêmino

não mais rio,
remorcego-me

onde está meu Erro?

Caronde?
Carontem?
Caronte.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

ESTRÉIA DE GARRET NO BLOG

Olá, leitores


Garret ou Alessandro Xavier? Tanto faz, mas no site ele é mais conhecido por Garret Gonzalles. E também é famosos por seus contos no ínimo incríveis. Quando me tornei membro do site tive o prazer de ler um de seus contos (o primeiro que li no forum), e logo percebi que estava diante de um Escritor nato! Ele se destaca também na Oficina de Escritores especialmente por suas RAP (textos com até 120 palavras) e nós brinda no forum com seus trabalhos.

É Moderador da sessão "Areana Literária" sessão criada por Leonardo Marchi (Administrador do site, RPGista, Pai Da Juju e gente boa!!!) onde um tema é lançado por um membro e os textos são criados dentro dele, com limites (ou não) de palavras e prazo de entrega, e claro, com vencedores em primeira, segunda e terceira colocação. Garret encabeça quase todas as vitórias!

Atualmente por motivos pessoais, Garret encontra temporariamente afastado do site, e por essa razão Strix assumiu a Moderação até seu retorno.

Bom, vamos agora ao que interessa! Publico aqui o primeiro conto que li dele. Tenham uma boa leitura e comentem sem Moderação!



UMA PARTIDA DE PÔQUER


- Como lhe disse Bill, este suposto ser sobrenatural não passa de um maní­aco assassino utilizando-se de elementos demoní­acos para assustar a população. E logo colocarei as mãos neste idiota. - Lyan havia acabado de dar as cartas.

Bill olhou suas duas cartas e sorriu movendo duas notas de cinco dólares para o centro da mesinha onde jogavam. Então quer dizer que não acredita no depoimento da testemunha que disse ter visto o tal assassino mutante mudar de forma?

As duas cartas de Lyan eram boas e ele igualou a aposta. Que idéia mais descabida essa. Sou bastante cético com relação ao sobrenatural.- disse enquanto colocava três cartas na mesa.

-Que beleza de flop.- Pensou Lyan. - Dois ases e um valete.- Em sua mão estava um As e Dama. Ele dobrou a aposta.

Do lado oposto da mesa, Bill refletia.

- Provavelmente ele tem cartas altas, mas e daí­?- E então igualou a aposta.

- Eu creio ter fortes motivos para discordar de você Lyan. - o olhar dele era direto.

Lyan colocou a quarta carta na mesa. Uma dama. Exatamente o que precisava um Full House. Ele tentava não demonstrar nenhuma emoção e mais uma vez dobrou a aposta.

Bill franziu a testa igualando a aposta mais uma vez.
Lyan estava preste a ganhar um dinheirinho fácil do amigo e dobrou a aposta.

-Será que ele também tem uma seqüência boa?- Imaginou enquanto colocou o dinheiro no centro da mesa.

O telefone toca.

- Quem será a esta hora da noite? - indaga Lyan se levantando para ir atender.

Ele inclina sobre o telefone para ver o número no visor e logo descobre quem é. Da casa de Bill. Só podia ser a esposa dele reclamando do horá¡rio e querendo saber se ele não voltaria para a casa aquela noite.

- Acho que sua esposa está te procurando. - ele diz atendendo o telefone.

-'Alô´?

- Lyan? Escute bem. Descobri algo que pode provar a existência do assassino mutante. - algo estava muito errado e Lyan começou a tremer. A voz que ouvia era de Bill que estava jogando pôquer com ele poucos segundos atrás.

Sentindo-se atordoado ele deixou o telefone cair de sua mão e virou lentamente para a mesa. Não havia ninguém.
A porta estava escancarada.

Lyan correu até a porta e observou a rua. Nenhum movimento. Sua mente completamente desconcertada. Aproximou-se da mesa para olhar as cartas. Com as faces para cima estava as cartas de Bill ou de quem esteve jogando com ele. Seis e dois apenas. Lyan tinha vencido. Ele caminhou cambaleante até o telefone.

- Alô Lyan? ? chamava insistente do outro lado da linha.

- Bill. - a voz custou a sair.

- Lyan o que houve? Fiquei preocupado. Você ouviu o que te disse antes?

- Sim.

- Vou te mandar alguns documentos por e-mail então?

- Não precisa. _ Lyan ainda tentava raciocinar.

- Como assim?

- Acabei de ganhar 160 dólares dele.






terça-feira, 24 de julho de 2007

ESTREÍA DO GIORGIO

O conto que vocês vão ler foi publicado no forum do RPG-X no dia 11/07/2007, da autoria de Giorgio Cappelli, membro do site e que nas quartas-feiras nos brinda com seus textos divertidos e sempre muito criativos.

Ele tem contos nos livros publicados: Necrópole - Histórias de Vampiros e Necrópole- Histórias de Fantasmas (www.necropole.com.br) e também no recém lançado "Visões de São Paulo", com outros autores brasileios. Participa também da revista "Gorjeta" onde seus personagens aparecem em quadrinhos.

Escolhi este conto para estreiar Giorgio Cappelli aqui porque eu (e a maioria do forum) somos fãs do Mecônio e nesse texto ele (Giorgio, mais conhecido como "Giorgio Boy") realçou ainda mais o personagem numa ambientação bastante sombria...

Boa leitura e divirtam-se!



MECÔNIO, O EXORCISTA



Parou diante do sobrado malcuidado. Olhou no cartão para conferir o número. Era ali mesmo.

Quando pressionada, a campainha revelou um toque assombroso. Ele, porém, não se assombrava com facilidade. Aliás, nunca soube que tivesse se assombrado com alguma coisa na vida. Não conheço sujeito com maior controle emocional.

Quem abriu a porta achava-se tão malcuidada quanto a residência. O chapéu foi tirado para uma senhora de cabelos arroxeados e corridos, com ares de quem não dormia há semanas.

– Boa noite. – cumprimentou, frio e educado a um só tempo.
– O senhor é...? – perguntou a senhora.
– Padre Mecônio. Meu cartão. Por favor, onde está a vítima?
– Por aqui.

O reverendo já sabia o que iria encontrar: um quarto com uma garota pairando deitada acima da própria cama. Pousou a mala sobre uma cadeira.

A voz que o cumprimentou, sem dúvida, não era dela.

Ah! Padre Mecônio! Uaaahahahahahaaa!!!!
– Que meda... – retrucou o religioso, sem um pingo de emoção.
Outros melhores que você fracassaram! O que o faz pensar que vai ter sucesso?
– Quanto clichê numa fala só! Que diabo mais bobo!
Bobo? – grunhiu a garota. – Tá me chamando de bobo, padre?
– Não, não estou chamando. Já chamei.

Rosnados e gemidos que encheriam as cuecas de Van Helsing e Constantine provocaram bocejos no padre. A garota possuída pelo “Coisa Ruim” grudou as costas à parede. Sem deixar de encarar o oponente um só instante, subiu até o teto usando as mãos e os pés.

– Sábado à noite! – insistiu o reverendo – Se eu fosse um demônio, acha que eu ia ficar no corpo de uma garota de doze anos? Faça-me o favor! No seu lugar eu iria curtir uma balada!
Vamos juntos, padre? Aposto que o senhor está louquinho pra pegar mulher e encher a cara! Há quanto tempo não faz isso?
– Encher a cara? Direto! O vinho da sacristia é uma delícia. Mas não estamos falando de mim e sim de você. Venha cá.

O capeta de segunda categoria não entendeu o que eram aqueles papéis nas mãos do exorcista. Ficou curioso e aproximou-se.

– Sabe ler?

Não só sabia, como leu. Sorriu.

***

– E foi assim que eu cheguei aqui. O contrato era cheio de vantagens, pagava bem, tinha vale-refeição, plano de saúde, plano odontológico... Não dava pra recusar!
– Legal!
– Sua vez de entrar! – berraram, da porta.
– Opa!

O diabo fundiu-se a seu interlocutor. Ambos deixaram o camarim e entraram num palco enorme, mãos atrás. Diante deles, um homem com um microfone falava a um auditório lotado.

– Interessante como até os demônios estão mudando de religião... – comentou padre Mecônio, assistindo a um daqueles programas evangélicos de descarrego.



segunda-feira, 23 de julho de 2007

Campeões da Arena - 1

# Oi, pessoal!
# Como estou de moderadora interina da seção da Arena Literária, tive uma idéia... Postar os campeões das Atividades Quinzenais desde a primeira. No início, terei que fazer as postagens mais freqüentemente que quinze dias para dar tempo de alcançarmos a atividade mais recente, mas acho que dá.
# Para quem não sabe, a Atividade Quinzenal é uma atividade de produção de contos. Resumidamente, um membro da Arena dá o tema e a quantidade de palavras em que ele deve ser desenvolvido. Os textos são comentados e votados. O que obtiver os melhores resultados ganha a atividade e pontos para o ranking.

# O texto abaixo é da Atividade Quinzenal 001. O tema foi "Causos e Lendas do Folclore Brasileiro" e ela durou até 10/12/06 O vencedor foi Garret Gonzalles, o titular da moderação. :D


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Meu texto diz respeito a uma lenda do interior mineiro e é baseada em relatos de algumas testemunhas que dizem ter presenciado esta missa perturbadora.


A missa dos mortos
Nº de palavras: 393


Era uma noite como todas as outras quando Antônio Batista, o zelador e sacristão, resolvera deitar-se. Bastante cansado, ele não via a hora de pegar no sono e relaxar seu corpo.
Prestes a mergulhar num profundo sono, começou a ouvir barulhos e ver luzes advindas do interior da igreja. Muitos, por sinal.
Temeu ao imaginar tratar-se de ladrões e apressou em investigar o fato.
Levantou depressa da cama e disparou para o templo.
Causou-lhe grande estranheza ao constatar que a igreja estava cheia de fiéis. Os lustres acessos iluminavam todo o interior enquanto o padre se preparava para celebrar uma missa no meio da noite.
Era ainda mais estranho todos estarem de preto e cabeça abaixada, até mesmo o sacerdote. Sem contar que nunca presenciara uma missa àquela hora e nem fora comunicado sobre o que ocorreria.
O silêncio imperava no templo. Foi então que o padre começou a falar com uma voz rouca e carregada. E quando virou-se para dar a benção inicial, Antônio Batista o zelador, empalideceu.
Ao invés de face havia um crânio sem olhos, movendo a mandí­bula para cima e para baixo. Os braços desprovidos de carne mexiam fazendo o sinal da cruz. A batina cobria o que deveria ser apenas ossos inanimados de um cadáver.
Os fiéis presentes repetiram o amém com uma voz fúnebre e levantaram seus rostos na direção do padre. Foi ainda mais inquietante perceber que todos os presentes eram esqueletos. Vivos ou mortos, ele não sabia o que pensar.
Desesperou-se.
Uma missa dos mortos.
Pensou que desmaiaria de medo e precipitou-se de volta à saí­da. Antes porém, para seu completo espanto, reparou na antiga porta lateral da igreja que levava ao cemitério. Era uma portinhola de madeira que há muito não era aberta.
Estava escancarada.
Dos seus olhos verteram lágrimas de pavor.
Voltou correndo para a sua cama.
Deitou e cobriu a cabeça com uma manta rezando e chorando baixinho para que aquilo fosse apenas um pesadelo.
A missa continuou.
De onde estava, ele ouvia cada palavra do que diziam na missa. Tormentos incontáveis.
Era madrugada quando os sussurros e barulhos finalmente cessaram.
Mesmo assim, naquela noite, João Batista o zelador e sacristão, não pregou os olhos e por todas as outras nunca mais deu atenção a luzes advindas da igreja. Que os mortos fiquem em paz, ele dizia.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Ágape

Cadê a chuva?

Olho com olhos escondidos

O céu nublado que não desaba

Olho pra algo que não sei

Espero algo que não vem

Cadê minha roupa?

Estou nua em cima de uma pedra

Na terra molhada que não seca

Choro por algo que não sei

Lamento algo que não vem

Ainda agachada espero e lamento

Mas o que espero?

O que lamento?

Nem eu mesma sei.

São tantas indecisões

Que não cabe neste coração

Ainda tão inexperiente.

Felizes daqueles que amam

Não temendo a chuva ou a terra

Que se levantam

E abrem os olhos pra vida.

12/06/07

Mayra Le Fey

sexta-feira, 6 de julho de 2007

FLORES MORTAS


















Esse poema foi publicado no forum no fim de setembro do ano passado. Está no meu Blog e agora publico aqui também!


FLORES MORTAS


"De volta ao encontro das flores
e de um céu sem nuvens
de volta a desviar meus olhos
para elas, agora mortas

Ainda respiravam quando fui embora
acenavam pra mim
eram minhas
as pobres flores

Vou lacerar meus punhos
e banhá-las com meu sangue
vou devolver-lhes a cor
e a vida novamente

Minha alma está nelas
sinto-me morrer aos poucos
a palidez acentuada
as mãos trêmulas...

No bosque das flores
também estou enraizada
do meu sangue quase frio
dou vida as flores mortas."