segunda-feira, 23 de julho de 2007

Campeões da Arena - 1

# Oi, pessoal!
# Como estou de moderadora interina da seção da Arena Literária, tive uma idéia... Postar os campeões das Atividades Quinzenais desde a primeira. No início, terei que fazer as postagens mais freqüentemente que quinze dias para dar tempo de alcançarmos a atividade mais recente, mas acho que dá.
# Para quem não sabe, a Atividade Quinzenal é uma atividade de produção de contos. Resumidamente, um membro da Arena dá o tema e a quantidade de palavras em que ele deve ser desenvolvido. Os textos são comentados e votados. O que obtiver os melhores resultados ganha a atividade e pontos para o ranking.

# O texto abaixo é da Atividade Quinzenal 001. O tema foi "Causos e Lendas do Folclore Brasileiro" e ela durou até 10/12/06 O vencedor foi Garret Gonzalles, o titular da moderação. :D


-------------------------------
Meu texto diz respeito a uma lenda do interior mineiro e é baseada em relatos de algumas testemunhas que dizem ter presenciado esta missa perturbadora.


A missa dos mortos
Nº de palavras: 393


Era uma noite como todas as outras quando Antônio Batista, o zelador e sacristão, resolvera deitar-se. Bastante cansado, ele não via a hora de pegar no sono e relaxar seu corpo.
Prestes a mergulhar num profundo sono, começou a ouvir barulhos e ver luzes advindas do interior da igreja. Muitos, por sinal.
Temeu ao imaginar tratar-se de ladrões e apressou em investigar o fato.
Levantou depressa da cama e disparou para o templo.
Causou-lhe grande estranheza ao constatar que a igreja estava cheia de fiéis. Os lustres acessos iluminavam todo o interior enquanto o padre se preparava para celebrar uma missa no meio da noite.
Era ainda mais estranho todos estarem de preto e cabeça abaixada, até mesmo o sacerdote. Sem contar que nunca presenciara uma missa àquela hora e nem fora comunicado sobre o que ocorreria.
O silêncio imperava no templo. Foi então que o padre começou a falar com uma voz rouca e carregada. E quando virou-se para dar a benção inicial, Antônio Batista o zelador, empalideceu.
Ao invés de face havia um crânio sem olhos, movendo a mandí­bula para cima e para baixo. Os braços desprovidos de carne mexiam fazendo o sinal da cruz. A batina cobria o que deveria ser apenas ossos inanimados de um cadáver.
Os fiéis presentes repetiram o amém com uma voz fúnebre e levantaram seus rostos na direção do padre. Foi ainda mais inquietante perceber que todos os presentes eram esqueletos. Vivos ou mortos, ele não sabia o que pensar.
Desesperou-se.
Uma missa dos mortos.
Pensou que desmaiaria de medo e precipitou-se de volta à saí­da. Antes porém, para seu completo espanto, reparou na antiga porta lateral da igreja que levava ao cemitério. Era uma portinhola de madeira que há muito não era aberta.
Estava escancarada.
Dos seus olhos verteram lágrimas de pavor.
Voltou correndo para a sua cama.
Deitou e cobriu a cabeça com uma manta rezando e chorando baixinho para que aquilo fosse apenas um pesadelo.
A missa continuou.
De onde estava, ele ouvia cada palavra do que diziam na missa. Tormentos incontáveis.
Era madrugada quando os sussurros e barulhos finalmente cessaram.
Mesmo assim, naquela noite, João Batista o zelador e sacristão, não pregou os olhos e por todas as outras nunca mais deu atenção a luzes advindas da igreja. Que os mortos fiquem em paz, ele dizia.

Um comentário:

Agnes Mirra disse...

Esse conto é magnificamente arrepiante! Bela estréia aqui no Blog!!