domingo, 25 de maio de 2008

Lá e de volta outra vez, de novo!

Nesses últimos dias pensei e repensei na idéia de acabar com o RPG-X, afinal depois de um ataque covarde de um idiota e de ser tratado como lixo pela antiga empresa que hospedava o site (Fatuch, nunca contratem essa empresa), eu tinha nas mãos um Banco de Dados de 64 Mb e por mais que eu tentasse restaura-lo no novo servidor não conseguia, então que decisão tomar? Abandonar tudo? Mas e os usuários que acompanharam o RPG-X por todo esse tempo? E o projeto de um cenário própio tão bem conduzido? E os amigos bytes que faziam do site seu ponto de encontro diário?

Não dava pra deixar todo mundo na mão, além disso, eu sou apaixonado por isso, amo esse site, não me importo em tirar dinheiro do meu bolso, o preço que eu pago não se equipara as alegrias que tive aqui. Por essas e outras razões o RPG-X está de volta, totalmente limpo é verdade, mas é a solução que encontrei, com o BD nós poderíamos perder um tempo enorme sem voltar ao ar, então preferi inaugurar um novo fórum e guardar o Banco de Dados antigo para assim que possível criar um arquivário, um fórum a parte sem opção de novas mensagens, mas com todo o conteúdo do fórum antigo.

[b]Peço a todos que eram registrado no antigo fórum que se registrem novamente, infelizmente isso é necessário.[/b]

Caso queiram consultar o antigo fórum deixei o BD hospedado no link abaixo, ele é todo em arquivo texto e não precisa de nenhum programa em especial para ser lido.

http://www.rpgx.com.br/plus.sql.gz


Link do fórum: www.rpgx.com.br/forum

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Campeões da Arena - 17

# Povovski! Estamos aqui com a AQ 017. Começando no dia 14/02/2008, a atividade teve como tema o trecho de música:

"Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?"

# Participaram duas poesias e três contos. E, pela primeira vez, o vencedor foi uma poesia! \o/ E a Agnes consegue seu bi. =3 O resultado saiu dia 05/03/2008.

Com vocês, o começo d'O fim. (Piadinha infame. ¬¬)



O FIM

Olhar o céu
Alimentar-me da luz solar
Às cinco horas da manhã
Sentir as primeiras horas
As primeiras brisas
Pra sentir você
Não há planos
Nem expectativas futuras
Só seus olhos
Buscarei
No fim do dia
No fim da linha
Do desejo desconcertante
Dos últimos momentos
Em que quero estar contigo
As horas me aprisionam
Mas não tenho mais medo
Só seus braços me condenam
À prisão dos últimos instantes
Do fim
Do dia...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Campeões da Arena - 16

# E 'bora com a edição 16 dos Campeões!

# O tema da vez foi "Uma noite com os elfos", dado no dia 16/01/08. Foi um tema altamente específico, o que talvez tenha inibido a participação: concorreram 3 contos. No dia 09/02/08, tivemos o fim da votação, que apontou nada menos que... Meu hexacampeonato. o_o Sendo que quatro vitórias foram seguidas! o______O

# Não que isso queira dizer grandes coisas. Na 14, por exemplo, o primeiro lugar foi dividido e isso só não voltou a ocorrer por diferenças de um ponto ou dois. O que significa que o nível dos participantes está bem parecido. ^^

# Confiram os demais contos no site. E aproveitem a leitura. ^^


O sapateiro e os elfos


As portas e as cortinas já estavam fechadas. Daniel, Carina e Maria Santa olhavam seguidamente de Eduardo – que mantinha os olhos fechados - para o livro à frente dele. Não entendiam porque demorava tanto para ele abri-lo, mas não ousavam reclamar. Ainda mais porque sentiam um frio na barriga, uma estranha impressão de que algo estava sutilmente diferente do que sempre fora, apesar de não haver NADA de diferente no quarto.

_Tudo bem _o garoto abriu os olhos, de repente. _Estou pronto, e vocês?

_Já estamos prontos há meia hora! _Carina, a ruivinha, reclamou. _Anda logo!

Imperturbável, o garoto se virou para Maria e ela moveu a cabeça, mostrando algum medo nos grandes olhos castanhos. Depois, olhou para o irmão gêmeo, que fez um sinal de positivo. Sorrindo, tomou o livro encadernado em couro e abriu-o aleatoriamente. Todas as páginas estavam em branco.

_Bem, o Livro do Selo está aberto. Vamos?

Todos os quatro colocaram as mãos sobre as páginas brancas e pergamináceas. O papel antigo brilhou azulado e as crianças sentiram um tranco no umbigo, antes de tudo ao redor escurecer e perceberem que estavam caindo em alta velocidade.

Ninguém, no entanto, ficou assustado. Aquela nem de longe era a primeira vez. Daniel ensaiou algumas piruetas e tentou brincar com o irmão, mas recebeu uma livrada deste. A escuridão logo se dissipou, revelando um salão com colunas greco-romanas. Antes que batessem no chão, eles diminuíram bruscamente de velocidade e algo invisível os pôs em pé.

_Estão atrasados! _uma voz que se pretendia imponente ressoou pelo salão.

_Estava difícil eu me concentrar hoje _Eduardo respondeu, com azedume. _Que tem para nós hoje, Esfinge?

Um ser não muito maior que um labrador, que dava a impressão de ser um filhote gigante e alado de leão com maquiagem e adornos egípcios, saiu de trás de uma das colunas.

_Você já teve mais respeito comigo, garoto.

_E você já fez entradas menos desnecessariamente dramáticas.

_Certo, certo. Negócio é o seguinte, pirralhada: esse livro – pegou o dito com a boca e pôs na frente deles – está ficando totalmente em branco. Não é só a partir de uma página, como de costume, nem está com a história se modificando. Só desaparecendo completamente. É quase certo que seja alguém com uma peça do Selo. As instruções são as de sempre: se infiltrem na história e ponham a peça de volta no Livro do Selo. Nada a acrescentar.

_“O sapateiro e os anõezinhos”... _leu Daniel com alguma dificuldade. _Que história é essa?

_É um conto de fadas dos irmãos Grimm _esclareceu o irmão. _Mal traduzido por sinal. Em inglês é “The shoemaker and the elves”: não são anões, são elfos. Devem estar se mordendo por serem confundidos com seus maiores rivais...

_Deixe Tolkien fora disso, Eduardo _Esfinge interrompeu. _Vocês vão ou não? Além disso, você sabe tão bem quanto eu que elfos não são pequeninos.

_Deixe você a mitologia nórdica longe disso _o menino não se fez de rogado. _Você sabe que “elfos” abrange uma gama enorme de criaturas fantásticas. E Shakespeare criou um precedente para elfos pequeninos em “Sonhos de uma Noite de Verão”. _Sem fazer pausa, virou-se para Carina: _Coloque o livro no pedestal, por favor.

A menina pegou “O sapateiro e os anõezinhos” e o pôs em um pedestal que ficava em frente a um grande portal vazio. O portal brilhou e os quatro passaram por ele, com os olhos fechados.

Abriram novamente, descobrindo-se num vasto chão de madeira. Maria deu um gritinho.

_Olhem para a gente!

Os garotos olharam para si mesmos e se assustaram: as roupas estavam em frangalhos e eles tinham orelhas pontudas.

_Acho que somos elfos _Eduardo torceu o nariz. _É a única forma de nos infiltrarmos na história sem sermos vistos, na verdade.

_Ei, olhem!

Daniel estalou os dedos, desapareceu e foi parar do lado de Carina. Estalou os dedos de novo e surgiu ao lado de Eduardo.

_Não é legal? _disse, contente.

_Trivial _comentou o irmão. _Você é um elfo de contos de fadas, maninho. Como acha que as pessoas nunca conseguem vê-los? Olhem, os elfos verdadeiros estão trabalhando ali.

Daniel rolou os olhos, fazendo o movimento labial de “chato”. Carina viu e deu uma risadinha abafada.

_E o que estão fazendo? _Maria perguntou, antes que Eduardo percebesse o motivo da risada.

_Fazendo um sapato. Vocês não conhecem a história, certo? Resumidamente, um sapateiro muito bom e muito pobre não progride na profissão. Uma noite, deixou a última tira de couro e as ferramentas sobre a mesa. Quando acordou, o sapato estava pronto. Isso se repetiu por meses, até ele enriquecer. Então, ele e a mulher resolveram se esconder no guarda-roupa para ver quem os ajudava. Descobriu que homenzinhos faziam o serviço, mas eram mal-vestidos. Então, quiseram ajudá-los fazendo roupinhas para eles. Eles as usaram, ficaram muito satisfeitos e nunca mais apareceram. Fim.

_E qual é a moral da história? _perguntou Daniel, coçando a cabeça.

_A verdadeira moral é que, se você der roupas a um elfo, ele pára de trabalhar pra você. Mas, nos livros de escola, você deve encontrar alguma baboseira melosa sobre generosidade.

_E gente... _Carina disse. _Cadê a Maria? Ela tava aqui nesse segundo.

Correram os olhos e foram encontrar a garota puxando um fio enorme junto com outros elfos, enquanto tagarelava animada.

_Maria! _Eduardo chamou. _O que está fazendo? Não é hora para brincar!

_Não estou brincando, estou ajudando a fazer o sapato. A Hildegard aqui _apontou uma elfa que manipulava a agulha, quase do tamanho dela _disse que eles estão com um problema sério: passam a noite inteira fazendo sapatos e, quando o sapateiro acorda, o sapato sumiu. Essa é a última vez que vão tentar. Se continuarem sumindo, vão desistir.

_Maria... _Eduardo começou, áspero, e todos se encolheram, esperando a patada _...Você é um gênio! Descobriu por que a história está sumindo!

_D-Descobri?

_Claro! Se o sapateiro não recebe os sapatos, a história some, por que não existe o que relatar! Só precisamos pegar quem está sumindo com os sapatos. Provavelmente é quem está com o pedaço do Selo.

Daniel suspirou alto.

_Por que nunca podemos brincar à toa nos livros? Por que temos sempre que ficar catando essas partes do Selo que uns personagens doidos pegaram pra ficarem mais fortes e mudarem suas histórias?

_Correção: EU tenho que encontrar as partes do Selo, vocês vêm de enxeridos. Agora, chega de nhenhenhém, vamos fazer como a Maria: trabalhar junto com os elfos e ver o que descobrimos.


***


_Tô exausto! _reclamou Daniel, sentando-se sobre um botão. _Não agüento mais pregar sola.

_Eu também! _as meninas fizeram eco.

_O dia já vai raiar _Eduardo disse, de pé, como se não tivesse trabalhado tanto quanto os outros. _Os elfos já estão indo, temos que nos postar em algum lugar para vigiar o par de sapatos. Trabalhamos duro nele, vão deixar que roubem?

_Podemos dormir, primeiro? _perguntou Carina.

_E fazer um lanchinho! _completou Daniel.

_Nem descanso, nem lanchinho! _o menino trovejou. _Levantem, agora! Dani, você fica atrás daquele martelo. Carina, fique com ele. Maria, você fica aqui. Eu vou para trás daquelas ferramentas. Fiquem acordados! E atentos!

A espera foi ainda mais penosa por conta do sono e da fome. E eles nem sabiam o que, exatamente, estavam esperando.

As primeiras claridades da madrugada já se pintavam pela janela. Cansado, Daniel chegou a dar uma pescada. Um ruído, porém, logo o despertou. Levantando a cabeça com cuidado, viu um elfo se esgueirando para perto do sapato. Tinha um ar tão culpado que, mal fez um gesto mais brusco, três crianças disfarçadas de elfos caíram sobre ele.

_Mas o que é isso?!

_Você está tentando roubar o sapato, não está? _Daniel perguntou, segurando os ombros do elfo.

_Só estou cansado de ser mais um elfo entre tantos _ele disse, tranqüilamente. _Vocês também não estão cansados de só trabalhar feito condenados e não receber nem um “obrigado” em troca? Eu estou! Estou vendendo esse sapato para outro sapateiro. Rende um bom ouro! Se não falarem nada, podemos dividir o que vou ganhar com esse.

_Se bem me lembro _Eduardo pigarreou, de algum lugar do escuro _“O Sapateiro e os Anõezinhos” tem alguma coisa a ver com generosidade.

_Vocês vão aceitar ou não? Se não aceitarem, vou ter que calar vocês de outro jeito.

As lentes redondas dos óculos do garoto brilharam na escuridão.

_Faça-o.

O elfo tirou do bolso algo que parecia um pedaço de papel, mas era furta-cor. Engoliu-o e ficou, então, maior e com garras e dentes afiados.

_Maninho, ele tá com um pedaço do Selo! _Daniel gritou o óbvio.

_Eu sei. Sai do caminho.

_Mas por quê?

_SAI! E você! _o elfo assustador olhou o garoto, surpreso. _PENSA RÁPIDO!

Assim que falava, Eduardo atirou o livro de couro que carregava no elfo. Ele segurou-o e riu:

_Esse livro é bem pesadinho, mas me atingir com ele... Você é mesmo muito ingênuo...

_Ingênuo? Eu? _perguntou Eduardo. _Talvez.

O Livro do Selo começou a brilhar forte e o elfo vomitou o papel furta-cor. O papel foi sugado pelo livro, que se fechou e voltou para as mãos de Eduardo.

_Adoro ser ingênuo _o garoto comentou, com um sorriso de canto de boca.

O Sol finalmente saiu, e, com ele, o sapateiro apareceu para trabalhar. O elfo mau sumiu com um estalo e os quatro acharam que era hora de fazer o mesmo.


***


_Bom trabalho.

_Obrigada, Esfinge _Maria sorriu.

_Fizemos a nossa obrigação _Eduardo resmungou.

_O livro já voltou ao normal? _perguntou Daniel.

_Veja você mesmo... _Esfinge apontou o livro no pedestal, com o focinho.

Os quatro abriram “O Sapateiro e os Anõezinhos”, curiosos. O livro parecia ter voltado ao normal, exceto por...

_O que é isso?!

A gravura mostrando um dos sapatos que o sapateiro recebeu dos elfos mostrava agora um tênis All Star.

_Agora entendi por que eles não tiravam os olhos do meu pé... _Daniel riu, antes que Eduardo o puxasse para fora do mundo dos livros.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Campeões da Arena - 15

# Acabamos de chegar com mais uma edição dos Campeões da Arena! \o/

# A atividade em questão é a Atividade Quinzenal 015, com o tema "Violência Urbana", dado pela Annia. Ela durou de 20/11/2007 a 11/12/2007. Participaram 6 contos. A vencedora foi... Strix. =p Pessoalmente, achei que outras pérolas que concorreram merceiam ter vencido. Duvida? Confira o pódio completo e os outros contos lá no RPG-X e veja do que estou falando.


Perseguição


O Lego para a Mariana. O carrinho para o Léo. O vestido para a Júlia. O DVD do Roberto.
As compras de Natal haviam sido feitas com sucesso.
Luísa tinha agora apenas que vencer três quarteirões até o estacionamento. O vento forte de chuva fazia as ruas ficarem vazias, e havia uma praça de má fama no caminho. “Ai, meu Deus...”

Os olhos experientes do garoto mostraram seu alvo com clareza. Era aquela madame cheia de pacotes, lógico. Nervosa e rica, bem rica, como estava visível. A dura experiência ensinara a ele que, se fosse visto, ela apressaria o passo ou atravessaria a rua. Ele precisava ser silencioso e só ser notado na hora certa.

Luísa estremeceu. Sentia-se observada. Até que ponto isso era instinto, até que ponto era paranóia, era difícil avaliar. Passou a andar um pouco mais rápido, maldizendo-se por sua imaginação. Começou a atravessar a praça, lançando olhares furtivos para todos os lados.

Ela estava mais rápida. Ele precisava ser mais rápido, também. Depois da praça, ficava um postinho policial. Se ela o alcançasse, era o fim. Ele conhecia bem o tratamento que receberia dos “homi” se apenas se aproximasse da madame. Tinha que ser antes! Ele tinha que ser rápido e conseguir.

A sensação de ser observada aumentou, e Luísa teve certeza de ter ouvido algo logo atrás de si. Uma espiadela sobre o ombro mostrou-lhe um menino magro, sujo, maltrapilho, de pele escura e touca enterrada na cabeça. Ficou branca com o pânico. E agora?

“O posto policial!”

Havia um posto ali próximo. Ela precisava chegar ao posto policial! Apressou-se ainda mais, sobraçando os pacotes com mais força.

Droga! Ele tinha sido visto! E a madame estava quase correndo, agora. Isto é, tanto quanto os saltos e os pacotes a permitiam. Esse atraso era a única chance que ele teria de se aproximar. O posto de polícia estava perigosamente próximo. Ele teria que recorrer ao último recurso, às últimas forças...

Luísa custou a reprimir um grito quando o menino correu mais rápido, ultrapassou-a e parou na frente dela.

“Ai, meu Deus, ele deve estar drogado! Vai apontar um revólver pra mim, vai me levar tudo, isso se não me bater...”

_Isso é seu, dona?

O fluxo de pensamentos da mulher foi bruscamente interrompido. O menino segurava um rico brinco, que ela reconheceu como dela. Devia ter caído no caminho, não era a primeira vez que acontecia naquela tarde.

Estendeu a mão e o menino enfiou o brinco nela, de qualquer jeito. Lançando um olhar temeroso na direção do posto, muito próximo, saiu correndo sem esperar por nada.

Para trás, ficou apenas uma mulher aturdida.

Um dos grandes arrependimentos da vida de Luísa (como ela contaria aos netos) foi nunca ter agradecido.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Podcast: D20 Modern - O Novo Velho Sistema

Estreiando no blog da RPG-X estou postando esse Podcast-solo sobre D20 Modern, dando uma breve pincelada sobre o assunto. Espero que gostem!


Subscribe Free Add to my Page

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Poema

INFERNOS


Em mim há mais que desejos

Há delírios infinitos

Caminhos e flores

Há todos os infernos e espinhos pra te sangrar

Há luz atordoante

E escuridão acolhedora

E em meus braços muitas dimensões até a loucura...

Há dores e abismos

Suor e suspiros lancinantes

Chamas nas mãos e cabelos

E em meus olhos há muito mais coisas do que você possa imaginar

Sua percepção

Gritos e sonhos

Dentro de sonhos

Envolvidos em risos e maldição

Não te leva a nada

Há insanidade em toda parte

Perto de mim

E de você...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Nada mais do que polietireno digitalizado

Enfim, depois de um milhão de atraso, lancei o gibi do RPG-X. Utilizando miniaturas ultrapassadas de D&D (obrigado Wizards por fazer todo meu investimento virar cinzas), uma máquina digital e algumas idéias malucas, surgiram os Heróis de Plástico.

Espero que curtam tanto quanto eu curti cria-los.




Heróis de Plástico

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Campeões da Arena - 14

# Estive longe dos blogs por quase dois meses, mas já voltei, com a graça de Deus. =3

# Continuo, então, os Campeões da Arena. A AQ014, que durou de 30/10/2007 a 19/11/2007, teve como tema Futuro. Deu margem a vários desdobramentos. O texto da Agnes está um pouco mais abaixo.

# Foram 5 participantes, e, pela primeira vez, aconteceu de termos DOIS vencendores. Sim, não houve como desempatar. Logo, Kate (com "Diário de bordo") e a tal da Strix (com "Sob a bruma vermelha") subiram de mãos dadas ao topo do pódio.

# Leiam os dois logo abaixo. E não se esqueçam de ir ao RPG-X conferir os outros. ^~


Diário de bordo
2462 palavras

Ano de 2915. Devido às ações dos seres humanos, a Terra tornou-se um lugar desértico, onde largas extensões de terreno árido e estéril se contrapõe a geleiras de água poluída e pântanos sulfurosos. Os sobreviventes se reúnem em torno de pequenos oásis, tentando cultivar a terra seca, agarrando-se desesperadamente à vida. Uns poucos se arriscam, e saem em busca das terras férteis de que falam as lendas, mas são exceções. Todos têm medo de se aventurar no Grande Deserto. Ou quase todos...

Meu nome é Gabrielle Cavalcanti. Tenho 18 anos, sou órfã de pai e mãe, e tudo o que me resta de "família" é um rapaz da minha idade, que porta nas veias a mesma maldição que esta que vos fala. Leonardo é a única pessoa que me entende e que me apoia. E eu o adoro do fundo do coração por isso.

Leonardo Whitney é meu amigo e cúmplice desde que "a praga" levou nossos pais. Uma doença misteriosa que abateu os da minha raça, um a um. Restamos apenas nós dois, que ainda não tínhamos começado a transformação, ambos com 12 anos. Desde então somos uma equipe. Nossas brigas são freqüentes, mas não sabemos viver um sem o outro...

Melhor não me perder em reminiscências. Vou contar os fatos, e você que chegou a essas linhas, tire suas próprias conclusões.

x-x-x-x-x

Todos nos temiam. Afinal, boa parte deles, apesar de não saber de nossas... hum... "necessidades alimentares especiais", conheciam nossa fama, de sermos os assassinos mais eficientes do deserto. Tirar vidas humanas era o nosso sustento. Éramos, modéstia à parte, os melhores do deserto. Respeitados e temidos onde quer o vento quente das tempestades de areia levasse nossos nomes.

Mas tudo mudou quando o governo descobriu o que realmente somos. Tivemos que fugir do pequeno oásis-cidade em que vivíamos, e é por isso que você vai nos encontrar em cima de um quadriciclo, a caminho do desconhecido, tendo por guias uma bússola, um mapa de fontes duvidosas e nossa convicção de que as lendas eram verdadeiras. Levávamos mantimentos, e também uma gaiola com alguns roedores do deserto, bichinhos de orelhas compridas, pêlo cor de areia, olhos negros e bigodes compridos como os dos felinos. Usávamos aqueles animais para aplacar a sede de sangue, quando ela se avolumava a ponto de se tornar insuportável. Era fácil e prático usar aqueles animais, já que eles se reproduziam rápido e tinham ninhadas grandes. Mas como eu tivera uma crise de abstinência alguns dias atrás, só tínhamos dois casais de bichinhos.

- Leo... - eu disse, baixinho, mas como o motor movido a bateria solar fazia apenas um zumbido baixo, ele ouviu, e resmungou para me incitar a prosseguir - quando vamos parar?

- Só quando o Sol se pôr.

Eu suspirei, e encostei a testa na nuca dele. Leonardo acelerou mais.

- Acha que vamos encontrar alguma coisa? - perguntei, e ele deu um peteleco na bússola presa ao guidão:

- Dizem que existe um oásis grande ao norte. Se existe mesmo, vamos achá-lo.

- Tem certeza?

Ele poderia ter respondido algo do tipo: "não, mas se não existir, vamos morrer de fome". Mas riu e disse:

- Não acredito que você ainda duvida da minha intuição.

Eu também ri.

- Você sempre sabe o que dizer pra me animar, não é?

- Esse é o meu trabalho, chefinha. Não nos falamos mais, até o sol descer no horizonte. Quando isso aconteceu, paramos, armamos nossa barraca, comemos um pouco da comida desidratada e fomos dormir.

x-x-x-x-x

Nos dias que se seguiram, não ocorreu nada digno de nota, além de Leo ter uma leve "crise" e matar três roedores. Nada de mais, durante três dias nossa rotina se resumiu a acordar, levantar acampamento, vestir as roupas de proteção contra o sol, pé na estrada, parar à noite, comer, dormir. Durante o dia, conversávamos mais para exercitar a fala do que por ter assuntos realmente. Aquilo me deprimia tanto...

Mas fazer o quê? A viagem continuou, e com ela, nossas esperanças de encontrar um lugar melhor aumentavam mais e mais, impulsionadas pela brisa cada vez mais fresca, pelo sol cada vez menos intenso e a areia cada vez menos seca. Continuamos...

x-x-x-x-x

Espreguicei-me lentamente, esticando braços e pernas e arqueando a coluna, fazendo as articulações estalarem. Suspirei e sentei-me com um largo sorriso no rosto. Não dormia tão bem desde que meus pais tinham morrido. Leo já tinha levantado, óbvio, ou eu não teria espaço para me esticar daquele jeito. Peguei as roupas de proteção e saí.

Leo estava sentado sobre o quadriciclo, meio vestido, as sobrancelhas contraídas, o olhar fixo no nada. Ele usava as calças e botas necessárias para a sobrevivência na aridez desértica, mas a camiseta encardida era leve e sem mangas. Apesar de dormimos lado a lado todas as noites (e até mesmo abraçados, quando os cobertores não conseguiam afastar de todo o frio da madrugada), jamais tínhamos nos tocado com mais intimidade que dois irmãos. E naquele momento, ao vê-lo com os músculos à mostra (ele não tinha muitos, mas os que tinha eram bem definidos), as feições recortadas contra o sol nascente, senti o coração disparar, as mãos suarem e o sangue aflorar ao rosto.

"Controle-se, Gabrielle!", eu disse a mim mesma, decidida. "Isso é uma reação perfeitamente normal, já que você é uma mulher, ele é um homem e os dois são adultos. É tudo biologicamente explicável!"

- Leo? - chamei, insegura - aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu, Gab. Dá uma olhada nisso. Ele tirou alguma coisa do bolso, e jogou para mim. Peguei ainda no ar, e quando olhei, reconheci a tira de couro que antes prendia a bússola ao quadriciclo. Fora visivelmente cortada.

- Mas... - balbuciei, desconcertada - mas... mas como?!

- Aí é que está - ele murmurou sombriamente - nós notaríamos se alguém se aproximasse a ponto de cortar isso e levar nossa bússola.

- E não foi um animal - examinei o corte no couro curtido - a marca é de um golpe só, preciso, de faca bem afiada. Será que foi um ladrão?

- Nossa comida, nossa água, ferramentas, baterias de reserva e carregadores estão todos nos lugares. E se fosse um ladrão, teria levado o quadriciclo, que é o mais valioso de tudo. Pelo visto, só querem que a gente se perca, porque nossos mapas também sumiram.

- Droga. Você viu pegadas?

- Não. Andei uma boa distância em torno daqui, e não vi pegadas em lugar nenhum. Mas não tem problema, a gente se orienta pelo sol. Só o que temos a fazer é ir para o norte.

Assenti. Leo desceu do quadriciclo, pegou a jaqueta e a capa, e me beijou no rosto.

- Anda, pequena. Veste logo as suas roupas, que eu vou desmontar a barraca.

- Tá bom.

Peguei minhas "roupas de guerra", mas antes de vesti-las, olhei uma última vez para a tira de couro cortada. Quem quer que tivesse feito aquilo, queria que encontrássemos aquela pista. Não havia outro motivo para deixar para trás uma prova tão óbvia, além de talvez a pressa. Mas quem tinha tempo para apagar pegadas...

Sacudi a cabeça, larguei a "prova do crime" na areia seca e me vesti. Teríamos um longo dia pela frente.

x-x-x-x-x

Insônia. Eu devia ter suspeitado que aquela noite de sono deliciosa e ininterrupta era a calmaria antes da tempestade, como o mormaço quente que precedia as ventanias furiosas do deserto. Quanto mais me revirava, tentando conciliar o sono, mais distante ele parecia. Leo, que não tivera o mesmo azar, ressonava baixinho.

Suspirei muito profundamente e virei-me de costas para ele. A areia macia sob o fundo de tecido da barraca sempre fora um ótimo colchão, mas subitamente eu tinha começado a achar desconfortável. Praguejei, e tornei a me virar de frente para Leonardo. Levei um susto ao encontrá-lo de olhos abertos.

- Dá pra sossegar e me deixar dormir, Gabrielle?

- Bem que eu tô tentando!

- Não parece!

- Cala a boca e me deixa dormir, Leonardo!

- Cala a boca você, que começou com isso!

- Mentira!

Ele inspirou profundamente, fechou os olhos e pareceu contar até dez. He, he, he. Eu conheço meu amigo... no meio de uma discussão acalorada, o melhor modo de fazê-lo se calar para não trucidar o interlocutor era disparar um veemente grito de "mentira!" no meio da briga. Quando ele finalmente se controlou, abriu os olhos e me encarou com uma expressão zombeteira:

- Pelo visto, só tem um jeito de calar essa sua boca.

Leo me puxou pela cintura e me beijou. Anote aí: até os dezoito anos, três meses, cinco dias, dezessete horas e quarenta e dois minutos de vida, Gabrielle Cavalcanti nunca tinha sido beijada. Patético, eu sei. Ridículo, eu sei. Mas digamos que com a vida que eu levava, era meio complicado arranjar um namorado...

Então. O beijo. Nem sei descrever o que foi que me passou pela cabeça, se é que passou alguma coisa. Senti-lo assim tão perto... eu nunca o tinha abraçado daquele jeito, nunca o tivera tão perto, nunca tinha sentido seus lábios nos meus...

Mas subitamente nos afastamos, e nossos olhos se encontraram.

- Você sentiu? - ele perguntou, num sussurro, e eu confirmei.

- Está perto. O que quer que seja, está perto.

Nos sentamos na barraca, sem fazer ruído. Fiz meus olhos cintilarem, e passarem do azul-escuro ao rubro. Imediatamente, o interior da barraca tornou-se mais claro. Agucei a audição, enquanto Leo fazia o mesmo. O vento soprava forte. Era um grito horrendo, alto e ensurdecedor, que só podia significar uma coisa...

- TEMPESTADE DE AREIA!

Nos precipitamos para fora da barraca, levando o que deu: roupas emboladas, a gaiola dos mascotes, uma coberta. Montamos no quadriciclo, e Leo deu a partida. Nada.

- Funciona, porcaria, FUNCIONA! - olhamos para a direção de onde vinha o rugido do vento. A tempestade se avolumava, crescia, avançava. Leo saltou do veículo e agarrou meu braço - vem, Gab!

Puxou-me para baixo, e desatamos a correr para o mais longe possível de nossas coisas, que o vento com certeza jogaria sobre nós. Quando o choque da tempestade derrubou-nos de bruços no chão, Leonardo cobriu nós dois com a manta espessa de lã, me abraçou com força e ficou imóvel sobre mim. De olhos fechados, eu podia ouvir seu coração disparado e sentir sua respiração rasa e cheia de medo. O ruído do vento sobre nós era quase tão assustador quanto os pesadelos que eu tinha com a morte dos meus pais. Meu coração parecia querer sair pela boca, o ar faltava, os tímpanos doíam e a cabeça latejava. Aquilo era o próprio inferno...

E tudo apagou.

x-x-x-x-x

Acordei, mas não abri os olhos. Estava tudo tão confuso...

Lembrei-me de Leonardo. Do desmaio. Da tempestade. Do beijo. Só não me lembrava do motivo de estar numa cama macia, forrada com lençóis limpos e perfumados.

Sentei-me na cama, e olhei em redor. O quarto era espaçoso e arejado, com paredes de um amarelo suave, móveis de ótimo gosto e um enorme espelho de moldura dourada.

Levantei, me perguntando que diabo de lugar era aquele. Meus pés tocaram a pedra fria do chão, comprovando que não era um sonho. "Será que eu morri?", pensei, indo até o espelho.

Eu parecia a mesma de antes. Os cabelos encaracolados e curtos tingidos de rosa-chiclete (será que o cabelo continua tingido depois que morremos? Acho que não, então estou viva), os olhos de um azul tão escuro que se aproximavam do violeta, mas o que me surpreendeu foi que pela primeira vez na vida eu estava me vendo com roupas bonitas e femininas. Enquanto dormia, tinham me banhado e me colocado um vestido branco, longo, com um decote em "v" modesto. Se Leo me visse daquele jeito...

Esse pensamento me arrastou para a realidade. Eu tinha que sair daquele quarto, achar Leonardo, e...

- Gab, você acordou!

Era ele que entrava no quarto. Se já fiquei surpresa por vê-lo, fiquei ainda mais ao notar que usava roupas limpas e que tinha tomado banho, assim como eu. Também estava descalço, vestia camisa e calças brancas, realçando ainda mais o negro-azulado de seus cabelos lisos presos para trás. Seus olhos verde-esmeralda brilhavam animados, um sorriso vitorioso nos lábios.

- Leo, que raios tá acontecendo aqui?

- É uma história longa. Vem comigo, Gab.

x-x-x-x-x

Eram humanos. Deveria haver uns oitocentos, talvez até mil, e nos veneravam como a deuses. Não falavam o dialeto do deserto (uma mistura desconexa de várias línguas antigas), e sim o puro português abrasileirado, assim como nós. Foram eles que roubaram nossos meios de orientação, por temerem que fôssemos mercenários à procura de escravos. Mas quando descobriram que éramos vampiros, ficaram extasiado. Éramos os "enviados", como Leo explicou, citados em uma profecia antiga, que falava sobre a praga que dizimara nossas famílias. Falava das guerras que destruíram o meio ambiente e as cidades, dizendo que, paradoxalmente, aqueles conflitos eram necessários para conter a ambição dos seres humanos e dar à mãe natureza os preciosos anos para se recompor dos danos a ela causados nos últimos milênios. E dizia que quando tudo parecesse perdido, surgiriam duas crianças vindas das trevas e do deserto, que os conduziriam à grandeza, à paz e ao progresso.

- E essas crianças somos nós?! - perguntei, quando ele acabou de me explicar. Estávamos num terraço, sob a luz do sol poente, vendo a movimentação da "cidade" lá embaixo. O lugar em que estávamos era um palácio antigo, no alto de uma colina, e tinha uma visão privilegiada do povoado - Absurdo!

- Absurdo ou não, eles acreditam nisso. Pense nas possibilidades! Nós podemos reerguer essa terra, podemos viver em paz com os humanos, podemos começar uma era diferente. Gab, podemos trazer progresso e beleza a esse lugar.

Debrucei-me no balaústre do terraço, e olhei para aquela terra estranha que nos tinha acolhido. As construções eram baixas e pintadas de branco, para refletir a luz do sol. Os pequenos lagos aqui e ali serviam de bebedouro aos animais e de recreação para as crianças. Mulheres com túnicas coloridas puxavam água nos poços. Ao longe, pessoas cultivavam a terra. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, ao me lembrar das fotos que mamãe me mostrava, do século XX. Água em abundância, verde, felicidade...

- Leo...

Ele me abraçou, e apoiou o queixo em meu ombro.

- Diga.

- Quanto tempo a Dinastia de Drácula levou para erguer seu império?

Sua risada rouca e profunda me fez chorar mais ainda em silêncio.

- Em torno de cinco séculos. E eles governaram por mais de dois milênios.

- Por quanto tempo nossa dinastia vai durar?

- Durará tanto quanto meu amor por você, Gabrielle - ele me virou para si, e enxugou minhas lágrimas - para sempre.

-----------------------------------------------------

Sob a bruma vermelha
631 palavras

Esse é o nosso mundo... O que é demais nunca é o bastante... Teatro dos vampiros – Legião Urbana


“Atrasada para o trabalho. De novo.

É impossível acordar no horário quando faço jornada dupla.

O movimento nas ruas já é grande. Gente apressada que nunca olha para trás ou para os lados. Às vezes, tenho-lhes piedade. Às vezes, os odeio. Na maior parte das vezes, nem os vejo. Hoje, por exemplo.

Não devia ter assistido àquela série de filmes do século passado. Torna-se difícil aceitar essa noite vermelha e opaca, essa Lua laranja de brilho leitoso. Bom Deus! Fez-me mal ver antigos estudiosos falando sobre um “aquecimento global” com rostos sérios e preocupados. Quanta ingenuidade! Será que não foram mesmo capazes de prever que ele era apenas o início de algo bem mais terrível, o resfriamento global? Antigamente, os gases estufa não deixavam o calor sair. Foi só uma questão de tempo até se formar essa maldita bruma, que não o deixa sequer entrar. Seremos extintos como os dinossauros. Não. Mais estupidamente que os dinossauros, já que a bruma vermelha é obra nossa, e só nossa. Droga de semáforo.

Não importa o quão informatizados eles sejam, sempre se abrem momentos antes de você ser capaz de atravessar.

Os carros hoje são bem diferentes dos carros que vi nos filmes, mas são igualmente barulhentos e desagradáveis. Odeio sua pressa. Odeio o rosto tenso e carregado dos motoristas. E odeio os jatos quentes de vapor que soltam em mim, enquanto o filho-sem-mãe do sinal não fecha.

Vermelho para veículos. Finalmente.

Como posso amar o vermelho do semáforo e odiar o vermelho do céu?


Quero o céu azul de nossos ancestrais! Quero as estrelas que eles podiam ver a olho nu! Quero andar nas ruas sem respirador! Quero me deitar numa praia de areia branca, sob um céu muito azul e sentir o calor do Sol na pele! Já há três gerações a Humanidade é prioritariamente noturna, já que a bruma vermelha não só barra a entrada de calor na Terra, como deixa as radiações nocivas passarem mais livremente.

Há quem diga que o manto amaldiçoado da atmosfera não é o único motivo para nossa progressiva mudança de hábito. Falam que uma mestiçagem maciça que vem ocorrendo no último século entre a raça humana ordinária e uma outra, minoritária e supersensível ao Sol, acelerou esse processo. Não sei que raça pode ser essa, mas não ouso dizer “absurdo”. Minha vida faz com que eu pouco me dê ao luxo de usar essa palavra.

...

Ah! Finalmente um ambiente aquecido e umidificado! Posso retirar os óculos protetores, o respirador, o chapéu e o sobretudo. Antes de pegar o elevador para o escritório, é melhor eu me ajeitar, no banheiro. Acho que vou cantar de cabelo verde-brilhante hoje. Espero ter trazido o pente certo.

Está cada vez mais difícil fazer a maquiagem esconder as olheiras, e mais difícil ainda manter nos lábios aquele sorriso jovial, sugerindo levemente certas promessas, que faz os adolescentes preferirem um show ao vivo a uma diversão caseira. Não faz tanto tempo que abandonei essa fase, mas me sinto tão mais velha que eles!

Tudo pronto. Vou desligar antes de subir. Não preciso daquela turba de gozadores me enchendo porque estou gravando um diário.

Essa criatura reclamona sai de cena e dá lugar à famosa e desejável Ley-Ley. Vidinha miserável!”


Ashley desligou o gravador e descolou do queixo o adesivo com o minúsculo microfone, guardando-o cuidadosamente em seu suporte. Enfiou tudo de volta na bolsa e entrou no elevador. Era hora de ganhar a noite... Não que cantar profissionalmente fosse rentável, mas ela precisava de um trabalho que mascarasse sua verdadeira fonte de renda. Esse servia.

Vigésimo terceiro. Vigésimo quarto. Vigésimo quinto.

A moça respirou bem fundo para aproveitar seu último momento de paz e individualidade da noite. Pousou a mão na maçaneta do malfadado 2513.

“Coragem, Ashley. É preciso coragem!”

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

POEMA TRANSTORNADO

Oi, gente

Abrindo minhas postagens aqui neste ano, o poema a seguir faz parte de uma série que carinhosamente chamo de "Série Transtornada". São contos e opesias insopirados em transtornos mentais, adorei escrever!

Boa leitura a todos!



SUSPIROS


“Quando a luz morre
Vejo as nuvens ocultando a claridade
Fecho os olhos e sinto a brisa soturna transfixar meu corpo
Os sons da noite caem sobre mim
Como intensas ventanias abismais
A escuridão me embala
E entre trevas e lágrimas
Eu ouço o canto maldito e suplicante do delírio
Suspiros...
Ecoam em minha mente
E a mãe do desalento
Suspira...
Vestindo-se de escuridão a Mãe dos Suspiros
Com olhos de fogo
Recolhe de mim as trevas
Eu ouço os suspiros...
O maléfico som que penetra em todas as dimensões
Que escondo em meu tormento
Suspiros...
Respingando pedaços de alucinações
Enquanto as trevas me levam
Devolvendo-me ao reino
Dos cantos escuros
Dos porões da alma
Suspiros...
Me visto de sombras
E das cinzas que a luz esconde
Quando morre...”


Transtorno:

Esquizofrênia (ou Hebefrenia): Os esquizofrênicos têm um mundo à parte. A Psicoterapia é o tratamento indicado, mas geralmente age como paleativo. Elas tendem a agir com agressividade, pois tentam convencer os outros sobre esse 'mundo'.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Não é que ele está por ai?

A gente não consegue ver, mas ele está sempre por ai.
Dá uma distraída na gente, rebola, revolve, entorta mas nunca perde o prumo. Ele espreita. O vermezinho está sempre nos espreitando... e quando menos esperamos:

"OLHA ELE ALI DE NOVO!"

O tempo dá voltas e perdemos tempo com coisas as quais já nos tomam mais tempo que o preciso. Tempo, tempo, tempo... Faz um favor pra gente: Vá tomar uma coca-cola! Todos os direitos reservados. Se você não sabe a quem, pesquise.

Aos pouquinhos vou chegando de volta. No remanso. Na rebarba. No pulo do gato.

"Beijos e abraços e carinhos, que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim"