quinta-feira, 18 de outubro de 2007

CONTO EM DUPLA

Oi, gente


Mais uma vez tenho o prazer de publicar mais uma criação minha e de Welwerin. Dessa vez a música que nos inspirou veio da minha Banda predileta, Rush, do CD '2112' , de 1976 que é uma super obra-prima! A letra da música é essa:

GRAND FINALE


(Music by geddy lee, alex lifeson, and neil peart)


"Attention all planets of the solar federation
Attention all planets of the solar federation
Attention all planets of the solar federation
We have assumed control.
We have assumed control.
We have assumed control..."

("Atenção todos os planetas da federação solar, estamos assumindo o controle"...)


Conto publicado no site em 04/10/07


Boa leitura a todos!



O ÚLTIMO DIA


Glória acordou com dor de cabeça. Ao abrir os olhos o rostinho de Sofia estava a sua frente. Estava arrumada para ir à escola. Primeiro dia de aula, Sofia estava radiante! Glória segurou a cabeça e foi ao banheiro tomar um analgésico. Sofia, agora sentada na cama da mãe, comia seu cereal calmamente. “Só preciso de alguns minutos pra ficar bem” ela disse pra si mesma, enquanto engolia uma cápsula. Quando pôs o copo de volta a pia, observou que o mesmo vibrava, afastando-se do lugar, até que finalmente caiu no chão. Ela assustou-se, o que aumentou sua cefaléia. Sofia perguntou o que foi e ela respondeu que não foi nada.

Ao agachar-se para recolher os cacos de vidro, sentiu, ou melhor, ouviu um som que lhe provocou mais dor, esse som era acompanhado de uma vibração, como uma ‘microfonia’. Durando apenas alguns segundos, mas o suficiente para deixar ela e sua filha perturbadas. A
Menina agora chorava. Glória tentava acalentá-la. Alguns instantes depois tudo parecia normal, Glória sentia-se melhor e já estava a caminho da escola de Sofia...”

Elas logo entraram no carro, um carro grande, na verdade uma van. Dentro do automóvel perceberam as pessoas assustadas nas ruas, todas comentando sobre o ocorrido. Gloria não podia simplesmente deixar que isso atrapalhasse sua vida. Engatou a ré do carro e quando foi saindo quase bateu em alguns carros que estavam atrás. Estressada ela saiu do carro com tanta raiva que parecia que ia gritar com meia dúzia de indivíduos folgados. Mas antes de soltar a voz, notou o grande congestionamento em sua rua. Mais nervosa do que nunca voltou para o carro para avisar Sofia, porém quando chegou ficou aflita, pois só estava à mochila dentro do carro.

Desesperada, correu em direção a casa, para ver se sua filha estava lá dentro. Procurou por todos os cantos, mas ela não estava. Em pânico, correu para rua, olhando para os lados, mas não havia sinais de Sofia.

"Onde poderia ter ido? Ou pior: quem a teria levado? Ela sai perguntando aos vizinhos pelo paradeiro da menina, mas tudo que ouve é que ninguém a viu. Parou, respirou fundo, entrou na Van e minuciosamente percorreu as ruas a procura da filha. “Ela não deve estar longe”, disse a si mesma já com lágrimas nos olhos. Sentia uma vibração vinda do solo, e a microfonia ressurgiu drasticamente fazendo-a parar o veículo bruscamente. “O que Diabos está acontecendo”?

Ofegante e confusa, ela olha o céu e percebe que ele está ligeiramente lilás. Não há nuvens, nem sol. Apenas uma claridade estranha. “Meu Deus, o que está havendo?”Ela encosta a cabeça no volante e chora. Mas é surpreendida por uma mulher perguntando se ela viu um garoto ruivo de oito anos. Glória não responde. A mulher sai desesperada pela rua e é atropelada por um veiculo em alta velocidade. “O que está havendo?”Mais uma pergunta que Glória faz a si mesma e não há respostas."

“Não posso ficar assim, tenho que achar minha filha”. Mesmo chocada ao ver o corpo da mulher em pedaços no asfalto, ela sai em disparada. A cidade está caótica e todos estão pelas ruas procurando algo. “Seus filhos também sumiram...” Ela é obrigada a dirigir mais devagar devido à grande quantidade de pessoas na rua. Aos poucos, o céu volta à tonalidade natural, e o som não mais fere os ouvidos. Tudo estava normal. Algumas crianças apareceram nas ruas. “Onde está minha filha?”. Glória se perguntava várias vezes. “Vou voltar pra casa, ela deve estar lá...”. Sofia a esperava na porta, a boneca de pano oriental em suas mãos, a quem chamava de ‘Satomi’. A mãe sai do carro e abraça a menina calorosamente e logo pergunta onde ela esteve. Sofia apenas ri e diz que estava em casa. Glória interrompe seu breve diálogo, aliviada com o aparecimento da filha. “Vamos entrar, acho que hoje não vai ter aula, vamos ficar lá dentro, juntinhas...”com a menina e a boneca nos braços ela entra na casa.

Durante o resto do dia, Glória ainda não entendia o sumiço repentino de Sofia. Tentou interrogar a filha algumas vezes, mas, a criança parecia perdida e desatenta. Ao anoitecer, as duas estavam sentadas na mesa quando Sofia começa sentir uma forte dor no estômago, que a faz cair no chão se remexendo de dor. Gloria, desesperada, vai em direção à filha com o intuito de ajudá-la, mas sua filha se revira no chão de dor. Passado cerca de15 segundos ela Glória já estava com um anti-espasmódico na mão e um copo de água na outra, ela oferece a Sofia, que aceita e sorri para ela de um modo misterioso. As horas passam até chegar o momento da menina dormir , Glória a coloca na cama, mas antes de sair do quarto Glória ouve em sua mente... “Amanhã será um novo dia...”

Ela resolve ficar com filha. Passaria a noite acordada, observando-a. Tentando entender os estranhos acontecimentos do dia, ela sente-se mal repentinamente. Lembra das horas de horror que viveu no shopping quando Sofia simplesmente sumiu enquanto ela comprava um sorvete. O medo de não a ver de novo. O sentimento de perda. Glória sentiu-se assim novamente. Tomada por um impulso, ela toma a filha nos braços, acordando-a.

_ Mamãe, o que foi?_ a menina esfrega os olhos enquanto fala.
_ Nada, meu bem, eu queria te abraçar. Sinto muito por tê-la acordado.

Sofia volta a dormir. A mãe permanece com ela nos braços. Recusa-se a dormir, mas logo é vencida pelo sono.

A luz do dia penetra no quarto, acordando Glória. Ela põe Sofia de volta na cama, agasalhando-a. Ouve um barulho. Vários sons e ruídos pela casa. A TV está ligada, mas sem sintonia. O rádio da cozinha também. O computador na sala. O que houve? Ela sempre desliga tudo. Ouve vozes na rua, então vai olhar pela janela. Os vizinhos todos comentando sobre os aparelhos ligados.

Ela fica perplexa e volta ao quarto, encontrando Sofia olhando pela janela. A menina vira-se quando percebe que ela entrou no quarto, com um sorriso suspenso nos lábios.

_Filha, quero que me diga onde esteve ontem, quando eu estava a sua procura.
_ Estava em casa mamãe. Já te disse isso.
_ Não, meu bem, eu te procurei a casa toda...

Antes que ele continuasse a frase, um ruído ensurdecedor invade a casa, fazendo Glória segurar a cabeça. Sofia permanece de pé, olhando a mãe contorcer-se.

_Eu estava em casa, mamãe. Lá. É ali que estou sempre que você não me encontra..._ apontando para o céu.

Glória olha na direção que Sofia mostra. O ruído cessa. Ela aproxima-se da janela e vê suspensa no céu muitos discos voadores, exatamente como são descritas por muitos. Ela não consegue dizer uma só palavra, leva as mãos trêmulas à boca e os olhos espantados para a filha.

_ Mamãe, eu sei que papai não morreu, como me disse.Fui ‘adotada’. Você e todas as mães dessa cidade fizeram isso. Tínhamos que ser cuidadas, alimentadas e aprender a viver como humanos. Infelizmente um dia você e todos vão morrer, aí só restará pessoas como eu aqui.

_ Isso é loucura! O que está dizendo?

_ Não se preocupa, ninguém vai te machucar. Vou tomar conta de você. A situação agora é inversa. Ontem foi seu último dia de mãe. Agora, estamos assumindo o controle...

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