quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Campeões da Arena - 9

# Gente! Estamos quase apanhando a atual Atividade! \o/ A 13 já começou, mais três posts e chego lá! ^^

# A AQ009 foi uma marca na minha história no RPG-X: não só foi meu primeiro tema de AQ, como, nessa época, titio Garret teve sérios problemas de tempo e me ofereci como moderadora interina da Arena. ^^ O tema foi Detetives, um dos meus favoritos! *______*

# A Atividade durou de 21/06/2006 a 02/08/07 (o desaparecimento de Garret causou um problema danado com os prazos) e o vencedor foi o bicampeão Flavius! ^^ O conto dele foi ótimo, num clima noir e meio melancólico. Posso dizer que os contos ficaram no nível que desejei para o tema. \o/ E ainda tirei o segundo lugar, acreditam?, com um conto que bateu o recorde de tamanho de título (não coube como título do tópico). xD

# Fiquem aí com o conto do sumido do Dado e divirtam-se. ^^

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O amor move o mundo


Quase toda a estrutura havia desabado. Pouco sobrava da casa. O fogo consumira tudo, incendiado pelo ódio no coração de um assassino. Restava saber quem era esse último.

A jovem estava caída na cena do crime. "Decúbito dorsal", anotava o assistente. Estupro seguido de morte. "Arma branca?". Queimada viva. Os gritos foram ouvidos por toda a vizinhança. "Em vinte anos de corporação nunca vi nada parecido". Clichê. Ela estava nua. Com algum esforço podia reconhecer a beleza que se perdeu nas chamas. Jogaram um lençol branco sobre ela. Mais um clichê. São deles a composição da vida.

"Quem fez isso?". Perguntas retóricas para si mesmo. Ninguém respondia. Ele sempre fazia isso em busca de suas próprias respostas. Ninguém nunca respondia. Um perito da polícia científica passa correndo. "Acharam digitais". Seria ótimo não precisar de mais um DNA. Aquele juiz estava ficando arredio. "Demasiada oneração do aparato público". Ordenou que restringissem o empenho nas investigações. Os bombeiros também queriam restringir. O casarão desabaria a qualquer momento. É claro que ele não se preocupava. Pobre garota. "Caucasiana, loira, 16 anos, possivelmente virgem." Possivelmente virgem. Que espécie de imbecil escreveria isso em um relatório de investigação? A espécie assistente de investigação. Será que há como levá-los a extinção? Não. Abririam mais concursos públicos.

Um detalhe. Ele só precisa de um detalhe para resolver o caso. Algo como aquela caneta no ano passado. Esquecida no local do crime. Duas iniciais. Aqui não havia nada. O fogo eliminara provas com a mesma intensidade que fizera a garota sofrer. Ele gostava de imaginar o que faria com o assassino se o encontrasse sozinho em uma noite escura. Faria com que gritasse. Muito. O Capitão tem pressionado. Quer que encerre o caso. Feche a cena do crime. "Caso não solucionado", escreveria aquele acéfalo. O que motiva alguém a fazer algo assim? Uma criança. Um anjo. Seus olhos lacrimejam e sua cabeça dói de tanto pensar. Sempre se apaixonava pelas vítimas. Se não fosse assim não teria a força necessária para querer ajuda-las. "O amor move o mundo". As pessoas sempre culpam o amor.

Nenhum indício. Talvez realmente fosse hora de ir para casa. Todos estão cansados. Inclusive ele. Por vinte e duas horas reviraram aquele espaço. O assassino escaparia da justiça dos homens. Restava rezar pela justiça divina. Ele deixa que os outros agentes removam o necessário antes de evacuar a casa. Entra no carro e acende um cigarro. Talvez beba algo no J antes de dormir. Talvez até passe na casa daquela pequena. Queria companhia. Dia de cão. Dia da caça.

Num apartamento central da cidade um homem toma sua última dose de whisky. Limpa com cuidado as lentes de seu óculos de frente para a janela. Uma brisa fria sempre existe no vigésimo sétimo andar. Hoje não. Tudo está abafado. Sobre a escrivaninha, único móvel do escritório além da estante com livros, uma máquina de escrever. Nela um papel com dizeres datilografados. Ele salta. O terno estava impecável. "... assim posso dizer que te amei como homem e como pai". O amor move o mundo. O baque na calçada foi surdo e a reação das pessoas mudas. Logo uma equipe de investigação estaria ali. Uma chuva delicada começou a cair lavando com capricho o sangue na calçada. O bip dele toca. Vai ter de deixar a bebida e a pequena para mais tarde. A cidade vomitou mais uma indignação. O amor move o mundo, mas ninguém entende esse clichê.

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